segunda-feira, 29 de março de 2010

Questões

A intermitência dos meus sentimentos por ti põem-me em franja de nervos e de amor! Ora gosto de ti, ora quero-te longe, ora quero um beijo, ora quero a despedida, o para sempre, e depois quero o nunca. Tudo tão seguido que parece ser contínuo, este baile de desejos e quereres que nascem dentro de mim. Alma insatisfeita, que transforma uma frequência fraca e dura em algo que se desfaz, que escorre e forma a ininterrupta e quase invisível, mas constante, linha da nossa ligação. Nem com ela, nem sem ela.

sábado, 27 de março de 2010

Just thinkig about you...


[we]

Tu és o dono do lugar onde todos os meus pensamentos se vão esconder e bem debaixo da tua roupa é onde eu os vou encontrar, debaixo delas há uma história sem fim, está lá o homem que eu escolhi.

domingo, 21 de março de 2010

Força de Cretcheu

Ca tem nada na es bida
Mas grande que amor
Se Deus ca tem medida
Amor inda é maior.
Maior que mar, que céu
Mas, entre tudo cretcheu
De meu inda é maior

Cretcheu más sabe,
É quel que é di meu
Ele é que é tchabe
Que abrim nha céu.
Cretcheu más sabe
É quel qui crem
Ai sim perdel
Morte dja bem

Ó força de chetcheu,
Que abrim nha asa em flôr
Dixam bá alcança céu
Pa'n bá odja Nôs Senhor
Pa'n bá pedil semente
De amor cuma ês di meu
Pa'n bem dá tudo djente
Pa tudo bá conché céu

Eugénio Tavares

Tenho aprendido um bocadinho de crioulo cabo-verdiano, este é um dos meus poemas preferidos. Chama-se "Força do Amor" e é do autor cabo-verdiano Eugénio Tavares. Para assinalar aqui o dia internacional da poesia - 21 de Março.

domingo, 14 de março de 2010

Segredo

Se há segredos em mim
Tenho medo dos que há em ti
Por pensar que podem ser
Como os que eu costumo esconder

Estou presa num enredo
Que me prende neste medo
Num lugar suspenso no tempo
Que demora a revelar um segredo

São palavras e imagens
São imagens e sons
São sons e cheiros
São cheiros e recordações
São cheiros, cheiros, cheiros
São segredos passados
Ou apenas pensamentos trancados


Dou-te a minha chave
Que é simples, fácil de copiar
Meras palavras minhas
Que fazem sonhos desmoronar

Quebrou

Tudo que sente em mim, é o meu coração
E agora está partido
Não há mais nada de bonito a dizer
Quebraram-mo e não me deram a mão
E agora estou só
Partiu, de cima abaixo
E dói tanto!
Não há nada para o curar
Nem deixando de amar

segunda-feira, 8 de março de 2010

Silêncio, uma realidade que já existe há muito tempo.

Hoje estava na paragem de autocarros e estavam uns dez miúdos talvez com 10, 11 anos. Estava um a chamar nomes (gordo, porco..) a outro e os outros todos a rirem. O miúdo gozado dizia para pararem mas ainda gozavam mais e davam-lhe encontrões. Ele veio para mais perto de mim e veio uma miúda que disse "Oh, ele nem fala! Ah, pois! os porcos não falam!" e todos os outros riram! Apeteceu-me sair à estalada neles todos! Eu já estava a perder a paciência, sempre detestei estas cenas e sempre fiquei do lado dos que são gozados, mesmo que o fosse também. O miúdo estava quase a chorar e os outros ao notarem, gozavam e riam ainda mais e entretanto chegou o autocarro. Todos entraram e ele ficou pra último e fui ao pé dele e disse-lhe pra ele tentar não lhes ligar, que eram um bando de estúpidos. O miúdo disse que sabia disso e que não ligava, mas estava mesmo quase a chorar e eu entrei no autocarro com as lágrimas nos olhos. Sempre odiei isto, corta-me o coração! É que são sempre 10 contra um, ou mais! A minha melhor amiga passou isto durante alguns anos, todos os dias, porque era mais magra que os outros, uma vez na sala de aula cortaram-lhe o casaco novo com uma tesoura! No 7º ano, quase toda a turma deixou de falar comigo e outra amiga nossa porque éramos amigas dela. Agora tudo passou, mas sei que essas crianças sofrem muito e se eu pudesse ajudava-os a todos, mas a verdade é que não posso! E eles mantêm-se no silêncio. Não dizem nada a ninguém e sofrem muito. Por isto é que eu digo, há crianças e crianças, e há criaturas más que só estão bem a fazer mal aos outros! Infelizmente isto é uma coisa quase impossível de parar! A minha mãe diz que há-de ser sempre assim, eu gostava de acreditar que não, mas não acredito.