sábado, 16 de julho de 2011

O meu norte és tu.
Mas fico desnorteada,
sempre que te vejo.
Perco o fôlego
Por um descontrolado beijo.
O meu norte és tu.
No meu interior endoideço,
sempre que te toco.
Estremeço.
Sempre que te olho,
bate um baque no coração
Não é saudade. É de louca paixão.
Louca. Sou louca,
e louco é o meu desejo
Por um sôfrego beijo
Teu.

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Corre mais uma, corre outra
Gotas de suor, gotas de prazer.
Eterna loucura,
De perder a razão de ser.
Mãos suaves a deslizar,
Mãos fortes a explorar
Pontos fracos, derretidos,
Arrepios contínuos e sofridos
Eterna loucura,
Lábios desejosos e molhados,
De beijos a desejarem ser dados,
De beijos quentes,
De bocas que se juntam e dão
Destes amantes frequentes
Devorados sem fim pela paixão
Que não deixam parar
Os corpos que se querem juntar
As mãos que correm, a mexer e remexer
As pernas a entrelaçar
As costas que escorrem gotas de suor
Os corpos que escorrem gotas de prazer.

terça-feira, 12 de julho de 2011

Silêncio

Durante aqueles dias, que começavam a não ser muito raros, ela deixou-se pensar que ele era mesmo assim. Aqueles eram dias em que ele se mantinha em silêncio, para o mundo inteiro e não apenas com ela. Bem, pelo menos era assim que ela gostava de pensar.
Quando esses dias chegavam, costumava fazer cenas de ciúme descabidas, sem fundamento. Chegou até a ir esperar que ele saísse de casa para confirmar se ele estaria num momento em que queira mesmo estar só. Loucuras de mulher apaixonada. “Quero estar só, a minha vida está ao contrário e nada faz sentido! Não entendes?” Ela, que gostava pouco ou nada da solidão, entendia pouco ou nada aquelas súbitas vontades de se querer estar só quando poderia partilhar os silêncios com ela e se lhe apetecesse, falar do que lhe ia na alma.
Depois, pensava que enquanto ele se mantinha em silêncio com ela, teria amigos íntimos, que ela invejava profundamente, mesmo desconhecendo a sua real existência, a quem ele contava tudo o que sentia, o que pensava, o que queria da sua vida. Ela sentia-se excluída nesses dias. Sentia que não seria assim tão importante como ele lhe dizia nos momentos mais íntimos e sinceros que um olhar entre dois seres apaixonados pode proporcionar.
Depois do seu tempo a sós ele chamava-a, mas ela não se dava por vencida sem antes gerar uma discussão descompassada como a paixão que os une, sem antes dizer tudo o que pensava e julgava como verdade absoluta: ela não era assim tão importante.
Por fim, estes dias silenciosos em que o telefone não tocava, em que não entrava um email na sua caixa de correio começaram a ser normais. Ela saía e fazendo-se por não compreender esta necessidade dele imaginava-se ao lado de qualquer outro homem que passasse por si na rua. Imaginava isto porque começou a questionar se era amor que a mantinha ligada a ele. O que era amar? Não seria aquilo, de certeza. Mas se não era aquela preocupação, aquele querer estar perto e querer cuidar, seria o quê? De facto, nenhum outro homem lhe parecia certo para estar ao seu lado, senão ele e isso tirava-a do sério. Tem que ser ele. Amar não é só o que ela pensava ser. É também respeitar o silêncio do outro. E, finalmente, percebeu que a sua vida teria que estar minimamente organizada para que ele tivesse lugar para ela na sua vida. Tinha que pensar em tudo e precisava de silêncio. A vida dele era bem mais complicada que a dela. Sempre fora. Ele pensava em tudo e ela definia a sua existência apenas aos momentos que lhe davam vida, esses momentos eram os que ela partilhava com ele.
Silêncio. Outra vez. Já sabia que iria estar pelo menos mais cinco dias sem uma mensagem, uma resposta, uma chamada com o nome dele no ecrã do seu telemóvel. No entanto, já o percebia. O silêncio, muitas vezes, e para muitas vidas, é essencial para trazer sentido às coisas e pô-las no devido lugar. E o seu lugar na vida dele estaria sempre lá, como ele sempre lhe dissera. E assim se passaram mais cinco dias do seu silêncio que põe as coisas da vida no sítio certo. O telefone tocou: “Alô?”, “Olá, tenho saudades tuas.”.