sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

A vida é bela.

[foto minha - um fim de tarde de Inverno]

Ela caminhava acelerada... Não tinha a certeza que era ele, mas da maneira forte que o coração lhe bateu, só podia ser ele. Entrou no mar, sempre baixo. O dia estava a preparar-se para terminar. As águas estavam douradas e ela fascinada. O coração batia - pum! pum! pum! pum-pum! - era ele! Reencontrou-o! As ondas calmas afagavam a areia que ele pisava agora. Ela cansou-se de fugir e esperou que ele a abraçasse e tirasse dali, ao colo. O olhar dele era a coisa mais bela que jamais ela tinha visto, castanho e brilhante - aquele castanho brilhava mais do que nunca quando chocava com o verde dos dela.

A beleza não está onde uns e outros a vêem. Eu sei onde está a beleza. Está numa ruga que se ganhou por felicidade. Está numa folha que cai, castanha, no Outono. Está no sol que se põe ao fim da tarde e promete voltar.
A beleza está na essência do nosso ser. Somos belos se assim o quisermos ser. Mostrar um sorriso de felicidade! Há coisa mais bela? Ou uma lágrima. É água, transparente e singela.
A beleza choca-me. Há fins de tarde que de tão belos que são - sol a pôr-se, céu alaranjado, nuvens escassas, brisa suave - parecem saídos de um livro fantástico.
A beleza está o amor. Na confidência. Na alegria. Na amizade. A beleza está lá fora. Do outro lado da janela - vida, é beleza. Se a beleza é perfeição, a vida é beleza.



Para a Fábrica de Letras

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Lições de amor


A palavra de despedida é a palavra de praxe.
Diz-se o que o outro já sabe há muito, mas que não vê.

Soa-me a rotina, a palavras rotineiras
Ditas sem sentir, sem coração
Ditas sem ele saltar as estribeiras
Sem amor ou saudade ou paixão
Apenas uma palavra seca
De uma alma que não sabe amar
Que é fraca
Que desdenha mas não quer comprar
Não quero mais palavras sem sal
Que venham mas com impulso
Com força, brilhantes como o cristal
Sentidas
Porque sentir entre dois seres
É o que mais importa.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Trash


Às vezes acho que perco tempo demais a pensar em ti, no que te dizer, no que fazer, no que te dar.
Já te dei tudo.
Perco esse tempo a pensar no que fazer para te ver sorrir.
Acho que isso já não vale a pena e vou começar a tratar-te como algo adquirido.
Ou isso, ou então fazer algo que mostre que não sou um dado adquirido.
Assim só para ver se a coisa melhora.
É que isto de sermos frios não é para mim.
Eu gosto de calor.
Humano, de preferência.

sábado, 23 de janeiro de 2010

Mudança


Vagueio por aí mas não saio do mesmo sítio.
O mundo muda mas tudo me parece igual e impossível de ser mudado. Acho mesmo que é. O que se altera é o momento do ciclo porque a vida é um ciclo, vicioso por vezes, uma dia é moda o castanho, um ano é moda o verde e corre as cores todas até chegar um dia de um ano em que volta a moda do castanho e achamos um máximo porque já não era moda desde a última vez em que o foi. Por isso, nada muda. No entanto mantenho-me fiel ao pensamento que não muda mas transforma-se. E mudar não é transformar? Não. Mudar é ficar diferente. Transformar é evoluir (ou pelo menos pretende-se que evolua porque também pode regredir).
Viajo por aí mas não saio do mesmo sítio.
As pessoas transformam-se mas parecem-me sempre as mesmas pois estou presente nessa transformação. Só não me parecem as mesmas no dia da transformação. Dois dias depois já são iguais, as mesmas de sempre! E não é assim com todos nós? Pois, eu sei que sim.

Nada muda, tudo se transforma.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Tu


Os abraços fortes é o que mais me marca.
Tu marcas-me.
Fazes-me viver.

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

A aventura dos sentidos


Sentir é sem dúvida a maior das aventuras que podemos experimentar.
Sentes um rush pelo corpo todo como se estivesses a fazer queda livre?
Eu sinto. Queda livre. Total liberdade. Depois caio e os teus braços aconchegam-me e sinto de novo. Desta vez sinto calma... Como o mar nas manhãs quentes de Verão que embala a alma.
Sinto mais do que devia.
Gostava que sentisses como eu. Ora é forte. Arruína-me, devora-me. Ora é calmo. Acalma-me, adormece-me.
Sentir. Se sentires vais longe, dás a volta ao universo num segundo e está tudo dentro de ti.
Tens a força que precisas para acreditares nisso. Eu sou a tua força? Tu és a minha. Levas-me tão alto, tão rápido, que nem respiro. Desço devagar para aproveitar o dom que é sentir. A pele queima. O respirar acelera. O gosto aguça, fica guloso. Sofro de gula por ti. Sinto-te e saboreio-te demais. Sente comigo.

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Rotina


Já não sei o que hei-de fazer
Para mudar esta rotina
Esta vida que nunca imaginei
Que pudesse ter
Cada lágrima parece ser
Mais um marco da minha sina
Algo que já é natural
E que se o contrário acontecer
Já não é normal da rotina

Pode não ser assim...
Mas parece!
Cada olhar ao céu
É mais uma prece
É o princípio e o fim
De algo que perturba em mim
O sentido de ser
E não há nada a fazer
A não ser...
Crer!
Que há-de tudo mudar
Que há-de haver mudança
Se ninguém mais acreditar
Serei eu a ter confiança!
Nada acaba no princípio
E este nem sempre
Parece estar no início...

Enganos da minha mente!
Que como todas, se engana
Mas a minha, que é só minha
E de mais ninguém, senão minha
Há-de descobrir a meta
Há-de descobrir o fim
Há-de ir para onde aponta a seta
E levar-me, a mim
Para fora da rotina
Que até já na minha retina
Está gravada
E já não a deixa fascinada
Com nada!